A experiência Fernanda Moino à frente da inovação da Leroy Merlin

18/03/2024

Valentim Biazotti

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    Além de ser responsável pela área de inovação da Leroy Merlin no Brasil, Fernanda Moino é referência para muitos outros gestores que compartilham dos mesmos desafios.

    Mais reservada, provavelmente diria que não é para tanto. Mas basta ouvi-la falando de seus inúmeros aprendizados e nossa atenção é imediatamente capturada. 

    Como tantos outros profissionais, migrou de uma área mais tradicional, o marketing, e o primeiro sentimento foi de euforia por enfim poder errar:

    “Finalmente tinha espaço e verba para testar coisas, convidar outras áreas a testarem junto. Foi a primeira vez que tive isso na minha carreira: a chance de poder errar!”

    O valor da área de inovação dentro das empresas

    Se, por um lado, áreas como marketing e vendas precisam sempre estar rodando para impulsionar o crescimento das empresas, por outro, a inovação ainda pode ser vista como um complemento:

    “Fazer com que as outras áreas entendessem a relevância da área de inovação foi muito desafiador. E cada área é de um jeito, cada uma em um tempo, múltiplos temas.”

    A busca pela própria relevância do assunto dentro das empresas é um dos principais aprendizados. Não é incomum que muitas pessoas relacionem inovação a metodologias, ferramentas, novas tecnologias — e foquem muito do seu tempo desenvolvendo práticas que giram em torno disso. Mas pela essência estratégica e transversal do tema, existe uma máquina que precisa ser articulada para que novos projetos surjam e possam gerar resultados concretos: “Ninguém fala que inovação é 80% ou mais de tempo de articulação.” 

    A busca por desafios e oportunidades

    Para Fernanda, este momento solitário do gestor é difícil, mas fundamental. Ele desvenda a empresa montando um quebra-cabeça de desafios e oportunidades. A transição do que chama de “pedagogia da inovação” para seu papel de articuladora foi o que deu velocidade para grande parte de suas iniciativas.

    Neste trabalho diário de unir pontas, a passagem do tempo apresentou descobertas sobre a prontidão para inovar e a adesão dos mais variados tipos de colaboradores e colegas ao assunto.

    “Não existe um padrão de pessoas que são abertas à inovação. De repente, você é surpreendida por uma pessoa do jurídico que quer muito te ajudar, fazer acontecer. Em tecnologia você pode encontrar uma pessoa que tem uma barreira, uma dificuldade. Até isso é experimental na inovação: o relacionamento.”    

    E são nesses experimentos, nos variados temas e trabalhos feitos em conjunto com o passar dos anos, que cada área irá se desenvolver. Diferentes partes da empresa irão atingir maior ou menor maturidade para inovar em tempos próprios. Falar de um só estágio de inovação para toda uma organização seria ignorar os fatores de articulação, contexto e conexão.

    “Essa é mais uma lenda que para mim caiu: nós vamos botar todo mundo em um esteira e vamos todos andar juntinhos.”

    Os momentos certos para desenvolver projetos também estão sempre no radar de Fernanda. O gestor de inovação precisa ter paciência para ler cenários macroeconômicos, reestruturações na empresa, mudanças de liderança e orientações estratégicas a temas específicos. Pausar projetos para que depois sejam retomados pode ser uma decisão crucial, aguardando por ambientes que possam nutrir ao máximo cada uma das ações. 

    A área de inovação precisa estar sempre conectada com o negócio, com o coração da empresa.

    Inovar para o agora ou pensar no futuro?

    Muitos já encararam esse questionamento. Diante dessa indagação, Fernanda demonstra o lado observador do gestor de inovação. Por um lado, é importante ter iniciativas com autonomia e sem resultados garantidos, os momentos de experimentação mais “arriscados.” Mas há também um papel no presente, auxiliando a organização nos objetivos mais imediatos. Balancear os dois escopos faz parte da leitura de quem lidera esse tipo de iniciativa.

    E obviamente comprovar os resultados por meio de métricas se torna o próximo desafio. Para ela, ter “poucos e bons” indicadores facilita não só o acompanhamento, mas a própria visualização do sucesso e aprendizados dos projetos.

    “Quantas startups eu falo não é um dos indicadores mais importantes para mim. O que me importa é quantas dores eu estou ajudando a resolver. Com isso, a gente foi avançando nesse funil de consideração dentro da Leroy Merlin. As pessoas já pensam na área de inovação, procuram a gente de forma ativa.”

    Fazer com que grande parte da organização considerasse a área de inovação como fator estratégico e de apoio ao negócio foi uma das grandes conquistas de Fernanda Moino dentro da Leroy Merlin. Seus ensinamentos, que na superfície podem aparentar estar relacionados apenas ao tema inovação, revelam seu papel mais profundo: a capacidade incansável de articular diferentes agentes, momentos e contextos em um processo contínuo de transformação. 

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